sexta-feira, 28 de maio de 2010


Herzeleide Mortensen pegou nas pétalas caídas no chão do seu quarto e lançou-as pela janela, esperando reencontrar, lá em baixo, os olhos da sua amada, que logo as recolheria quando ainda estas pairavam no ar, conseguindo sempre - e ele nunca soube como - reconstituir a corola da flor, ostentando-a de seguida numa mão triunfante. Sempre foi assim, mas já não o era. Todavia, ao fixar dolorosamente o vazio, verificou que as pétalas haviam desaparecido, dando lugar a uma flor que havia surgido repentinamente na terra húmida, erguendo-se firme, tal como a sua esperança.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Beijos encarcerados nas masmorras da saudade, recitam versos de amor, que enrugam com o passar do tempo, ansiando a liberdade

Podem cá dentro as noites arder, podem lá fora os dias gelar, mas por lágrimas suspenso há um sorriso a vacilar.
Se desejo possuir a tempestade que em ti existe, é porque ela é muito mais do que eu mereço.
A memória incita-nos a voar sobre o Passado, oferecendo-nos asas de Ícaro que nos impedem de lá permanecer e modificar circunstâncias. Porém, a par do que desejaríamos modificar, existem instantes perfeitos e intensos, que se perpetuam no nosso íntimo para o resto da vida... E perguntamos se isso será justo.