terça-feira, 7 de dezembro de 2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

Excerto de "Sonnerie de Sainte Geneviève du Mont-de-Paris"




De acordo com algumas fontes, esta obra de Marin Marais surgiu durante um ataque de exaustão, devido ao compositor não aguentar mais o som incessante dos sinos da Igreja de Sainte Geneviève du Mont-de-Paris.

A interpretação está a cargo do ensemble Café Zimmerman - uma das melhores surpresas ao nível da interpretação de Música Antiga nos últimos anos.

Este excerto está integrado num concerto de 2009 em que participou o contratenor Dominique Visse - uma referência de há vários ano na Nova Musica Antiga, e detentor de um humor absolutamente arrasador, assente numa rara versatilidade vocal, e que tive oportunidade de ver e ouvir ao vivo, no Palácio da Ajuda, há cerca de 15 anos, a cantar enquanto dirigia o ensemble Clement Janequin.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mahler - 3ª sinfonia


Ao longo de cerca de 95 minutos de música, Mahler oferece-nos uma odisseia que nos dá a conhecer os fogos eternos, obrigando-nos a escapar, imediatamente, para a serenidade luzidia de um céu repleto de astros, sem que nos apercebamos que fomos incluídos numa marcha alucinante, seduzidos por cores onde a vida dança e fervilha, conduzindo-nos, acto contínuo, a uma floresta densa, onde somos saudados pelo canto de uma diversidade de pássaros.
Entre a efusão e a contemplação, repicam os sinos das torres de imensas catedrais, culminando num andamento onde a esperança é grandiosa, apesar das pinceladas melancólicas que os espíritos de Beethoven e de Wagner fizeram questão de aplicar.
Por tudo isto já vale a pena estar vivo! :)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010


Nem tudo o que reluz é ouro; nem tudo o que seduz é bom.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


As melhores surpresas são muitas vezes aquelas em que nos conseguimos surpreender a nós próprios.


O sabor dos teus beijos

misturam o dia e a noite,

a lua e o sol

salpicados por pitadas de sal das estrelas

fonte de desejo

e mil cores e ideias.


Cada dia é como uma rosa, e a cada hora é-lhe arrancada uma pétala... Todavia, o seu perfume subsiste no ar, e é isso que é importante.

domingo, 13 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

No interior da campânula onde temos de viver, é-nos oferecida apenas a luz de algumas estrelas. Felizmente, por vezes, conseguimos abrir uma brecha algures nesta ampola sombria, conhecendo algo mais que, finalmente, nos traz um clarão deslumbrante, fazendo-nos questionar acerca de tanto tempo perdido.

sexta-feira, 28 de maio de 2010


Herzeleide Mortensen pegou nas pétalas caídas no chão do seu quarto e lançou-as pela janela, esperando reencontrar, lá em baixo, os olhos da sua amada, que logo as recolheria quando ainda estas pairavam no ar, conseguindo sempre - e ele nunca soube como - reconstituir a corola da flor, ostentando-a de seguida numa mão triunfante. Sempre foi assim, mas já não o era. Todavia, ao fixar dolorosamente o vazio, verificou que as pétalas haviam desaparecido, dando lugar a uma flor que havia surgido repentinamente na terra húmida, erguendo-se firme, tal como a sua esperança.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Beijos encarcerados nas masmorras da saudade, recitam versos de amor, que enrugam com o passar do tempo, ansiando a liberdade

Podem cá dentro as noites arder, podem lá fora os dias gelar, mas por lágrimas suspenso há um sorriso a vacilar.
Se desejo possuir a tempestade que em ti existe, é porque ela é muito mais do que eu mereço.
A memória incita-nos a voar sobre o Passado, oferecendo-nos asas de Ícaro que nos impedem de lá permanecer e modificar circunstâncias. Porém, a par do que desejaríamos modificar, existem instantes perfeitos e intensos, que se perpetuam no nosso íntimo para o resto da vida... E perguntamos se isso será justo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Parabéns, Andrea!

Dedicado à minha amiga de ontem, de hoje e de sempre:

The Smiths - Big mouth strikes again

domingo, 7 de março de 2010

WAGNER - Parsifal




Ouvi hoje, pela 3ª vez, a versão de Rafael Kubelik de Parsifal, de Richard Wagner. Uma versão única e de tal forma coerente, que se torna perfeitamente desnecessário seguir o enredo através do libreto.

A prestação dos solistas é soberba - contando com intérpretes como Weikl, Moll, Salminen, Minton, Mazura, entre muitos outros, que são acompanhados pelo Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera e pelo Coro de Rapazes de Tölz, num registo de 1980, que ganha bastante a nível da qualidade sonora, até mesmo pelo facto de não ter sido gravado ao vivo, rivalizando e ultrapassando outros registos da mesma época - tal como o do aceleradíssimo Pierre Boulez, em Bayreuth.

Os contrastes instrumentais e vocais, estão bem definidos, com texturas isoladas que se debatem ao longo de toda uma viagem musical, repleta de momentos de pompa violentamente militarista, abraçando outros, de plena contemplação em que o tempo estagna, enredando-nos em melodias voláteis e de tal forma etéreas que, facilmente contornam a atmosfera melancólica que lança no ar excrescências de frágeis recordações de um tempo que nunca existiu e que jamais nos pertenceu.

O poder desta versão faz com que nem sequer ouçamos o sussurro herético de Nietzsche a insurgir-se contra o véu de ilusão e simbologia cristã típica de Wagner, e neste caso, essencialmente destacado pelo tema da Redenção de Kundry - a mulher que, por se ter rido de Cristo no momento da crucificação, foi condenada a errar perpétuamente pelo Mundo, até ao final dos tempos.

Se Parsifal fosse uma ópera, arriscar-se-ia a receber o estatuto da "melhor de sempre".
Mas esta "Representação Sacro-Dramática, em 3 actos", como o autor preferia denominar, encontra-se num domínio à parte, indefinível, de impossível rotulagem e que, por este e por inúmeros motivos, suscita paixões intemporais.

segunda-feira, 1 de março de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

"...às vezes, fazemos amor com os olhos (...)"

"ela fazia de tudo para reduzir
o perpétuo entumescimento do olhar.
cozinhava, esfregava o chão, limpava.
às vezes chegava até a escrever-lhe cartas
que sabia não conseguir enviar. depois
ficava meigamente encostada à dolorosa
intenção do corpo, mergulhada num misterioso
arrebatamento. por vezes parava, muito atenta
ao respirar das coisas enquanto tentava
dominar o medo, tomar uma qualquer decisão.
mas não. perpetuamente fatigada do teatro do mundo,
enlouquecia sabiamente na mansidão desse olhar."

ML

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Balada do Cavaleiro Apócrifo

Artur, recomposto, suspira, ao presenciar o nascimento de um novo dia.

Artur, brinca nos prados, nos montes, entre urzes e madressilvas.

Brinca solitário, lutando contra opositores invisíveis que lhe obedecem fielmente. A espada é de madeira mas a vontade é de ferro.

Artur, atormenta os rebanhos, afugenta os cães vadios, atraiçoa as libélulas.

Em manobras de diversão, engana exércitos, enxota cavaleiros perdidos, aniquila reis, figuras de mito que, com um único golpe, relega novamente para a miséria de uma sepultura cavada no conforto do passado.

Até que um dia, ao repousar sobre as raízes de um olmo, remexendo a terra salpicada de folhas caídas, a sua pequena mão encontra uma espada. Uma arma verdadeira, com a qual poderá finalmente dominar o resto do mundo ainda por conquistar.

Com ela, corta em dois o véu das horas, criva a terra de feridas insanáveis, e arma cavaleiros fugidios no tempo que ainda lhe resta.

Apenas uma donzela poderá preencher a última lacuna do seu êxito bélico. E conquista-a ao inimigo num final de tarde em que, distraído, cai sobre a lâmina da sua espada. A donzela não demora a aliviar-lhe a dor, acariciando-lhe os cabelos encanecidos, e fechando-lhe os olhos que já nada viam.

Foi-lhe dado o nome de Artur – nome de rei. E fez juz ao seu nome, pois brincava, desde criança, aos cavaleiros na muralha arruinada, lá em cima, no monte. Lá em cima tudo é diferente: tudo é belo e resplandecente. Os cavalos alados transportam guerreiros até às nuvens de ouro e de prata, e Artur é um deles, que sonhando já estar morto, vive de sonhos e lendas sem contudo viver nada.

Hoje, Artur perdeu a infância, e vive desconsolado, esquecido, abandonado, podre e só, como um segredo bem guardado.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Filme do Dia



Belíssimo filme!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

S/ título

O que me atraiu na escuridão da noite, foi a luz de duas estrelas… Não sei onde foste buscar o brilho que apenas existe nos teus olhos …Olhos que contam tantas histórias, olhos repletos de recordações do futuro, qual um madrigal bucólico que derrete as pedras da rua que transpiram saudade… Saudade… Palavra amarga, que ao ser vingada torna-se ténue e doce.

Bach por Koopman

Um dos maiores e mais polémicos intérpretes (organista/cravista/maestro) da actualidade, a interpretar o seu compositor favorito (e também o meu!)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Um intérprete, diferentes direcções

3 documentos (infelizmente não legendados) resgatados ao youtube, com registos de Frans Brüggen, um dos mentores do Movimento da Nova Música Antiga, em interpretações de compositores de diferentes épocas.
Polémicas à parte, há-que ter em conta a abertura artística deste músico que, tal como outros da NMA - e ainda hoje, e cada vez mais - colaboram em projectos de Música Contemporânea.









domingo, 17 de janeiro de 2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

The Night Schubert Died



Música do Dia

"La Clemenza di Tito", para muitos a obra-prima de Mozart.

É difícil dizer qual a versão que é mais fácil admirar... desde a de Karl Böhm, passando pela de Colin Davies, até à mais recente, por Renée Jacobs.
Entretanto, aqui fica, numa interpretação de J. E. Gardiner, o notável "Che del ciel, che degli Dei" que, destacando-se já quase no final desta ópera (a última do compositor), sempre me pareceu ser uma piscadela de olho ao abandonado barroco...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Desapareceu, sem ler o poema que para ela concebi. Aquele em que, numa flor, em cada pétala, residia um tormento. Uma resvala pelos beijos de carne que nunca sorvi. Outra, sequiosamente, afasta-me do medo que me causa frio. Outra, acaricia o momento que se equipara à hora da morte. Mais uma lágrima de flor, pelas virtudes que procuro à margem do mundo, no canto da sala escura, longe, lá longe em horas indefiníveis. Não agarrei a flor atempadamente, esmagando-se no chão de cacos de vidro e pés bailarinos. Quase escorreguei com o risco de perturbar uma qualquer cerimónia real, despropositadamente pomposa, sucumbindo a um conto religiosamente incorrecto que mitiga paixões incongruentes. No meu júbilo, quis que fosse ela a primeira a falar, porém, ela queria que fosse eu. A sua candura divorciou-se da incursão que fizera nos meus olhos, já que a subtileza preencheu em demasia os meus gestos. Um. Teria bastado um só sorriso, mesmo despropositado, para que a noite palpitasse e cedesse ao sossego idilizante no vagaroso silêncio do éter. Ainda lhe vigiei os passos já distantes no miasma do ruído.
Perdi-a, sem que lesse o meu poema.
Ansiei-a nas horas seguintes, guardando as pétalas na algibeira, esperançado por entregar-lhas quando a revisse, para que reconstituísse a flor que, inadvertidamente, eu próprio quebrara. Escondi-a dos outros por vergonha, mas as sedas dissimuladas na minha mão cerrada secaram, estalaram ao ponto de me magoarem como os vidros pisados nesse chão sombrio. Só assim compreendi que ela jamais existira.

Música do Dia

Passagem da interpretação soberba de "Viagem de Inverno", de Schubert, por Hans Hotter e Gerald Moore.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Música do Dia




A dreaded sunny day
So I meet you at the cemetery gates
Keats and Yeats are on your side

A dreaded sunny day
So I meet you at the cemetery gates
Keats and Yeats are on your side
While Wilde is on mine

So we go inside and we gravely read the stones
All those people all those lives
Where are they now?
With the loves and hates
And passions just like mine
They were born
And then they lived and then they died
Seems so unfair
And I want to cry

You say: "ere thrice the sun done salutation to the dawn"
And you claim these words as your own
But I've read well, and I've heard them said
A hundred times, maybe less, maybe more

If you must write prose and poems
The words you use should be your own
Don't plagiarise or take "on loans"
There's always someone, somewhere
With a big nose, who knows
And who trips you up and laughs
When you fall
Who'll trip you up and laugh
When you fall

You say: "ere long done do does did"
Words which could only be your own
And then you then produce the text
From whence was ripped some dizzy whore, 1804

A dreaded sunny day
So let's go where we're happy
And I meet you at the cemetery gates
Oh Keats and Yeats are on your side

A dreaded sunny day
So let's go where we're wanted
And I meet you at the cemetery gates
Keats and Yeats are on your side
But you lose because Wilde is on mine

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

À descoberta de um novo Passado (2)

Ando, de novo, completamente obcecado pelo Gloria (RV 589) de Vivaldi... não me sai da cabeça, e ando a comparar versões - desde o Hickox com os seus violinos dolentes, ao Alessandrini com a sua celeridade bélica e pompa agitada, passando pela leitura de Preston, com o belíssimo som do coro infantil da Academy of Ancient Music, e claro, na companhia de Emma Kirby (embora a voz dela se evidencie mais com Hickox)...
Todavia, deixo aqui um pequeno documento sobre o mais recente registo - o de Alessandrini, de que já falei em tempos, e que se inscreve nessa tarefa extraordinária de reunir em CD todas as 450 partituras manuscritas existentes na colecção da Biblioteca de Turim

O teu nome é o meu

Porque me lamento?
- Porque me roubaram o dia…

Quem me roubou o dia?
- A solidão que desagua nesse mar inquieto, onde as redes são maiores que a esperança…

Porque perdi a esperança?
- Porque deixei de viver…

Porque é que deixei de viver?
- Porque a tristeza quebrou as jangadas e o meu sustento…Porque morro de uma fome, que tinge o meu rosto com tinta de um jornal tão velho quanto a busca de um rumo…

Porque é que quero um rumo?
- Porque o sonho nunca se perde, porque ele é o trono do prazer num lugar longínquo.

Porque é que quero estar longe?
- Porque ergui o mundo sobre lágrimas, e este afundou-se num mar de dor…E pretendo outro, bem distante daquele que criei…

Quem criou o mundo ?
- O céu não foi… pois este, chora por mim mas juro nada ver. Ajoelho-me perante deuses que desconheço, e bebo o seu vinho e o seu sangue…

Porque bebo desse sangue?
- Porque já não tenho do meu…E grito… grito do fim do deserto da minha vida, desejando que um fio de ouro escorra da minha voz, e me encante comigo próprio…

A tua história é a minha.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Quando nos debruçamos nas varandas do Passado, avistamos muitos amigos que nos fazem falta. Mas depressa reparamos que já se encontram muito distantes. Nesse momento, temos a certeza que será difícil, ou mesmo impossível, alcançá-los ou sequer gritar pelos seus nomes.

Felizmente, alguns deles vão permanecendo perto de nós, e complementam-nos com tudo aquilo que precisamos - partilhando experiências, sejam boas ou más; emprestando-nos o seu riso e as suas lágrimas, ou no mínimo, comunicando-nos um olhar de cumplicidade no silêncio de uma sala cheia.

Todos me são importantes, mas existem dias em que alguns, por alguma razão, se tornam ainda mais importantes.

Obrigado.

Música do Dia

sábado, 9 de janeiro de 2010

Wagner, uma vez mais




Podcasts do programa da Antena 2 "Véu Diáfano", de Pedro Amaral, acerca de Wagner - de audição obrigatória para quem goste do compositor.

Para seleccionar e ouvir, clicar aqui.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

À descoberta de um novo Passado




Tenho vindo a apreciar bastante esta abordagem às Suites para Violoncelo de Bach que, através dos dedos bailarinos de Anne Gastinel, convida à dança, mesmo nos momentos mais contemplativos.

Será talvez interessante contrastar esta leitura com a de Sigiswald Kuijken que, há algum tempo, aqui coloquei.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Wagner, segundo Boulez/Chéreau.