terça-feira, 16 de março de 2010

Parabéns, Andrea!

Dedicado à minha amiga de ontem, de hoje e de sempre:

The Smiths - Big mouth strikes again

domingo, 7 de março de 2010

WAGNER - Parsifal




Ouvi hoje, pela 3ª vez, a versão de Rafael Kubelik de Parsifal, de Richard Wagner. Uma versão única e de tal forma coerente, que se torna perfeitamente desnecessário seguir o enredo através do libreto.

A prestação dos solistas é soberba - contando com intérpretes como Weikl, Moll, Salminen, Minton, Mazura, entre muitos outros, que são acompanhados pelo Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera e pelo Coro de Rapazes de Tölz, num registo de 1980, que ganha bastante a nível da qualidade sonora, até mesmo pelo facto de não ter sido gravado ao vivo, rivalizando e ultrapassando outros registos da mesma época - tal como o do aceleradíssimo Pierre Boulez, em Bayreuth.

Os contrastes instrumentais e vocais, estão bem definidos, com texturas isoladas que se debatem ao longo de toda uma viagem musical, repleta de momentos de pompa violentamente militarista, abraçando outros, de plena contemplação em que o tempo estagna, enredando-nos em melodias voláteis e de tal forma etéreas que, facilmente contornam a atmosfera melancólica que lança no ar excrescências de frágeis recordações de um tempo que nunca existiu e que jamais nos pertenceu.

O poder desta versão faz com que nem sequer ouçamos o sussurro herético de Nietzsche a insurgir-se contra o véu de ilusão e simbologia cristã típica de Wagner, e neste caso, essencialmente destacado pelo tema da Redenção de Kundry - a mulher que, por se ter rido de Cristo no momento da crucificação, foi condenada a errar perpétuamente pelo Mundo, até ao final dos tempos.

Se Parsifal fosse uma ópera, arriscar-se-ia a receber o estatuto da "melhor de sempre".
Mas esta "Representação Sacro-Dramática, em 3 actos", como o autor preferia denominar, encontra-se num domínio à parte, indefinível, de impossível rotulagem e que, por este e por inúmeros motivos, suscita paixões intemporais.

segunda-feira, 1 de março de 2010