terça-feira, 20 de setembro de 2011

Crónicas de Ânclios - o crítico em nós



Julgo que toda a gente conhece a história, mas nunca é demais recordar aquela noite de violenta trovoada, em 1987, quando Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés, tendo-lhe sido cortada a electricidade em casa, por falta de pagamento, teve a brilhante ideia de se deslocar ao Alto da Damaia, munido da sua guitarra e amplificador, com a finalidade de captar um raio que lhe permitisse captar a energia suficiente para continuar a tocar e a compor. Faltando o elemento essencial – o captador para raios – roubou a antena de televisão de uma casa por onde passou, ligando-a ao amplificador. Por coincidência, o dono da antena, era nem mais nem menos que João Wolf, guitarrista dos Tarântula que estava em Lisboa, na sua casa de férias na Damaia, e que nessa altura via a telenovela, acompanhado pelo vocalista, Carlos Meinedo, para melhor se inspirarem para a escrita do futuro hit “Battle of the Victory”. Estes dois, ao aperceberem-se do roubo, soltaram os dois pastores alemães que mantinham no quintal, os três gatos siameses que haviam tomado um medicamento com taurina, e um porco selvagem com hiper-sensibilidade auditiva, tendo sido Zé Pedro perseguido Damaia fora, não conseguindo ir muito longe, devido ao peso que levava consigo. Os animais só pararam de o morder quando um raio atingiu a antena que Zé Pedro segurava, e com a qual tentava defender-se. Nessa noite alucinante, e após breve hospitalização do guitarrista – que, como se sabe, sofreu danos auditivos bastante graves devido ao impacto do raio – surgiu a Tim, a ideia para o título do LP “Circo de Feras”, que se tornou num dos álbuns mais vendidos da banda, e lhes trouxe o reconhecimento. Quanto aos Tarântula, devido a terem perdido a telenovela, ficaram-se nesse ano pelo original título de LP “Tarântula”.

domingo, 27 de março de 2011

Crónicas de Ânclios : o crítico em nós


São bem conhecidos os problemas pelos quais Elton John passou, em meados dos anos 80, quando contraiu um síndrome de Beethoven, defendendo que se igualava ao compositor, alegando, inclusive, encontrar-se já num estado avançado de surdez. Durante este período, nenhum dos seus amigos músicos desejava recebê-lo em casa, já que ele tinha adquirido a fama de destruir todos os pianos em que tocava, atacando impetuosamente o teclado, enquanto gritava: “não consigo ouvir nada!”. Entre as vítimas desta destruição, contam-se nomes como: Billy Joel, Liberace, Chris de Burgh, Richard Clayderman, e – talvez o caso mais grave – Ray Manzarek, tendo Elton colocado no máximo a amplificação dos órgãos que este tinha em casa, partindo todos os vidros e porcelanas aí existentes (nomeadamente, uma seringa em cristal, da Swarovski, que lhe fora oferecida por Lou Reed, os azulejos pintados por Andy Wahrol, com a imagem dos Beatles, e o conjunto de cachimbos de água, da Vista Alegre, que herdara de Jim Morrison). Lionel Richie, escapou a esta catástrofe, impedindo a entrada de Elton em sua casa, saudando-o com um lacónico “Hello” e, calmamente, para que ele lhe lesse bem os lábios, disse-lhe: “Actualmente, não trabalho com surdos, mas apenas com artistas invisuais”. Alfred Brendel, András Schiff, Maurizio Pollini, Mitsuko Uchida, Maria João Pires, e tantos outros, ainda hoje se queixam dessa época tenebrosa de Elton John (Paul Badura-Skoda, após a destruição dos seus Steinway e Bosendorfer, decidiu que aquela seria uma boa oportunidade de substituir os pianos modernos por pianos históricos, mudar a fechadura da porta e arranjar um Pit Bull – o mesmo fizeram outros amigos de Elton, pianistas de profissão, dando assim origem à corrente interpretativa em pianos da época, de que Jos van Immerseel é um bom exemplo).

sábado, 26 de março de 2011

Crónicas de Ânclios - o crítico em nós



Em Maio de 1978, Sid Vicious e Frank Sinatra, jantaram juntos no Four Seasons de Nova Iorque. Foi durante este bem conhecido jantar que Frank insistiu com Sid para que ele gravasse uma versão de "My Way" - algo que Sid recusou educadamente, pois apenas conseguia conceber que existisse a versão de Frank, afirmando que qualquer outra deturparia a composição original. De qualquer modo, em reconhecimento pela amizade que Frank nutria por si, ofereceu-lhe um cinto, da autoria de Vivienne Westwood, ornamentado com diversos alfinetes-de-ama - muito em voga nessa época. Frank, entusiasmado, agradeceu o presente, mas esqueceu-se do mesmo, no restaurante, após se despedir de Sid. Sid, reparando no sucedido, agarrou no cinto e dirigiu-se ao hotel onde Frank se encontrava hospedado. Após bater repetidas vezes à porta do quarto de Frank - sem que este a abrisse - acabou por arrombá-la com um pontapé seco, pois reconhecera, enfurecido, uma voz familiar que vinha lá de dentro. Sid, descobria assim que Frank andava a trocar intimidades com a sua namorada, Nancy. Ao verificar tal coisa, prontamente atingiu Frank na cabeça, com um golpe da fivela do cinto que lhe oferecera, e vingou-se dele realizando, afinal, uma versão muito pessoal de "My Way", que se tornou tão célebre quanto a original. Passadas duas semanas, Malcolm McLaren, ao cruzar-se com Sinatra, em Londres, mais propriamente em Picadilly Circus, reconheceu, no rosto de Frank, a marca da fivela de um cinto que Sid lhe havia roubado da sua loja, em Kings Road, há uns meses atrás.

Crónicas de Ânclios : o crítico em nós



No verão de 1989, Stevie Wonder decidiu ir ao café Brothel's, em Chicago, para se reunir com Diana Ross. Tinha o intuito de trocar algumas ideias com Diana, nomeadamente, se deveria fazer um novo dueto com Paul McCartney. Durante esse encontro, os dois devoraram, copiosamente, torradas com marmelada, enquanto bebiam abatanados, dançando freneticamente, em cima das mesas, ao som de música siciliana. Stevie tropeçou e caíu diversas vezes, mas isso não importava, pois nesse mesmo dia, os Obituary lançavam o seu infame LP "Slowly we rot"

domingo, 16 de janeiro de 2011

Mahler - Quarteto com piano



Gustav Mahler, neste quarteto (incompleto), concede-nos a mesma experiência e impacto existentes na inflexão das massas sonoras a que as suas sinfonias nos habituaram.