Nessa noite, enquanto me encontrava à entrada da Academia das Ciências, perdido em pensamentos e ansioso pelo início do recital de cravo que inaugurava as XVIII Jornadas de Música Antiga, surgiu à minha frente alguém que me cumprimentou e que facilmente reconheci como sendo o maior cravista do Séc. XX.
Gustav Leonhardt, nascido em 1928, na Holanda, é cravista, organista, pianista, maestro, musicólogo, professor, e um dos maiores responsáveis pelo movimento da Nova Música Antiga, tendo gravado, durante 20 anos, e em parceria com Nikolaus Harnoncourt, a primeira integral, em instrumentos da época, das cerca de 300 cantatas de J. S. Bach .
Saliente-se ainda, o seu papel, como protagonista, no filme de J. M. Straub, “Crónica de Anna Magdalena Bach” - película em que, de uma forma ingénua, embora arrojada e séria, espreitamos (literalmente) o quotidiano familiar e artístico de Bach.
É mais do que evidente o reconhecimento que esta proeminente e influente figura lendária tem tido, não só por parte do público melómano, mas também por parte de duas ou três gerações de músicos, que lhe estão eternamente gratos.
São assim reveladas muitas razões para trazer a este espaço, 12 anos depois, a recordação daquela figura esguia e solene com quem, por um breve instante, me cruzei .